terça-feira, 24 de julho de 2012

Medo (18/04/2011)


Admito que morro de medo. Tenho medo dessas mudanças que parecem nos esperar em todas as esquinas, em todas as lacunas da vida. Nós somos naturalmente adeptos daquilo que já conhecemos. Gostamos de onde vivemos por tanto tempo, dos amigos que vemos todos os finais de semana, dos lugares aonde vamos quando estamos felizes, ou tristes. Gostamos de ter para quem ligar no final do dia, de ter um prato quente quando chegamos em casa na hora do jantar. Ter a família por perto é uma dádiva, morar sob mesmo teto, por mais caótico que às vezes pareça, ainda é o sonho de qualquer adulto que sabe o que é sair das asas da segurança de uma mãe. O homem tem medo, da distância, da perda de laços.
Eu, como homem, tenho o medo em mim. Esse medo que só se mostra presente quando as infinidades de oportunidades se aproximam, e então percebe-se como as coisas tornam-se palpáveis. As mudanças são bem-vindas, mas podem trazer conseqüências que matam o coração, a essência de uma vida. Estar longe de sua zona de segurança significa experimentar o novo, e tudo que é novo, é mistério, é um jogo de azar. Não que os jogos de azar incomodem, o que incomoda mesmo é saber que as coisas não vão manter-se intactas, esperando nosso retorno. As pessoas, com o tempo, mudam, e da mesma maneira que elas se transformam, relacionamentos também perdem suas cores. É capaz de o homem manter seu sentimento através do tempo? Perdurar por entre as distâncias, os desencontros da vida? Uma coisa que dói é imaginar que, no momento que a distância física torna-se relevante, uma possível distância sentimental abra suas brechas por entre a certeza de um e outro. O que dá medo não é arriscar, mas sim, perder aquilo que parecia tão certo até então.

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