sábado, 21 de junho de 2014

De onde vim?


No rock, no blues

Na arte beirante,

fui tão cult, tão main,

fui dos show suburbanos,

dos coquetéis da finésse,

do palco, sinal fechado.

Na última tragada, no primeiro gole,

dos fundos de quintal e do meio fio.

Meias arrastões rasgadas, artistas nus em transe,

o lanche da esquina, o metal na veia.

As filosofias do bar, as amizades verdadeiras.

Dos rabiscos no corpo, das pin-ups na cena.

Fui passando por aí, me encontrando nos cantos,

nas almas vazias, nas almas tão cheias.

Prrenchido dos sabores do mundo,

mais claros, mais escuros.

Na luz, na sombra,

nas boinas e trompas.


Vim de mim mais do que penso.


E você,

de onde veio?


Andei por aí perdido enfim


Por quantos caminhos já andei, onde hoje mal me reconheço.

Quantas terras avistei, pensando serem minhas e não eram.

Minha mania de ter memória falha, de me estranhar onde outrora tudo era tão eu.

Quantas estradas percorri e hoje já não lembro.

Vou bambo,

enfim,

perdido de mim.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Nosso acenar


E eu vejo e chego a essa conclusão meio minha de que a vida sempre vai ser essa loucura de encontros e desencontros. Que estamos aqui sem mãos atadas, em um constante abraçar e despedir-se de tudo e todos. Chego a essa conclusão de que a gente cresce, e teima em não crescer. Que não podemos ter medo do adeus e também dessas responsabilidades estranhas que até então pareciam tão distantes.

A vida é um acenar constante.

Ora vem, ora vai.

E a gente aqui,

tenta dançar conforme a nossa música particular.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Eu nunca quis ficar


Eu nunca quis ficar.

Até então, eu sempre havia sido uma pessoa que acreditava encontrar na estrada e na inconstância da mudança um lar, um aconchego e uma identidade da qual me orgulhava em hastear bandeira. Sempre havia considerado minha arte o único propulsor para sonhos, para meus objetivos e minhas metas.

Então me desfiz. Me desfizeram. Me desfez. Não foi preciso mais que um olá, uma noite, um olhar, para eu vir abaixo com toda minha muralha de ideais e da crença de que uma vida cigana me bastaria. Já não bastava.

A gente já atravessa uns anos agora, uma história que cabe em um pequeno livro desses sem pretensões mas que guardam uma boa dose de emoção. No meu coração entravam e saiam pessoas, entravam e saiam momentos, capítulos e etapas. Aí chega alguém que entra e decide não sair... Até quando a gente faz força para que saia, né?

Nos perdemos no tempo, nos perdemos na distância, nos perdemos na memória.

Intensos, queimamos, caímos, levantamos, amadurecemos. Intensos nos despedimos e nos reencontramos por diversas vezes, até quem sabe nesse instante que nos encontramos agora.

Quem sabe o amadurecimento vem chegando? Quem sabe agora dá pra caminhar nessa linha tênue de crescer distante, juntos... Quem sabe?

Hoje os abraços podem ser livres de dor, a saudade livre para gritar ao mundo. Hoje o reencontro não precisa das despedidas, hoje os sorrisos podem ser teus, e meus. Hoje pode não ser tudo como queremos, mas hoje também sabemos que um dia pode vir a ser, caminhando, construindo.

Se estrada antes era lar, hoje é caminho para chegar a ti.
Se a arte antes era a vida, hoje é com ela que quero construir uma vida.
Se o sonho antes era voar, hoje sonho em poder pousar onde bem quiser.

Acreditando na crença de nosso querer, sorrio, sabendo que ao meu lado está pousado exatamente quem um dia povoava só meus pensamentos, e as mais doces lembranças.

Eu nunca quis ficar.

Hoje eu quero.

sábado, 7 de junho de 2014

Detestável amado tempo


Tempo que se torna maior aliado e maior desafio

tempo que me separa de um abraço quente, um beijo apaixonado

tempo que me priva das decisões difíceis, de encarar a vida

tempo que me permite fazer o que gosto, e ainda amar quem eu quero.

Tempo,

detestável amado tempo.