terça-feira, 24 de julho de 2012

Apaixonismo (29/03/2011)


Só entendemos a complexidade de um sentimento quando já passamos por aquela sensação de vertigem, pelo poder que um tem sobre nós. Amor, só quem já o sentiu uma vez, sabe o que significa.


Quando estamos no lado de fora de sua prisão adocicada, consideramos tudo aquilo que vemos em um casal apaixonado bobo. Não entendemos o porquê das conversas melosas, dos favores exagerados. Aquele desespero de um bobo abduzido pelo temor de perder seu querido quando este não está ao seu lado. Como observador, percebemos a decadência de uma pessoa antes forte, agora tão fragilizada por sua dependência emocional. Esse é o amor visto pelos olhos de terceiros. Uma brincadeira ridicularizada, que não tem espaço no mundo real, e na vida de gente grande.


Uma hora todos caem em sua graça, sentimento de tons vermelhos. Respiração acelerada, olhares cruzados, as borboletas no estômago brincam enquanto a face não esboça suas verdadeiras intenções. Não dá pra acreditar em amor à primeira vista, mas o amor incondicional, o amor gradativo, este existe, e é o mais perigoso. Perigoso por que, quando percebemos o que está acontecendo, pode ser tarde demais para voltar atrás. Aquele alguém antes forte, resistente as situações mais adversas, percebe que foi pego em sua própria armadilha. Torna-se vulnerável, frágil diante de um mundo antes pacífico aos seus olhos. A independência deixa seu posto, e aos poucos, é esquecida nas pegadas já apagadas na terra macia.


Um campo de guerra. Um elo tão fraco e tão forte. A falta de uma ligação, de um olá, de um “eu te amo”, na cabeça do ser adoentado pelo “apaixonismo”, significa que nada anda bem, que o fim está próximo. O amor desperta o pior de tudo que guardamos em nós. Logo, se não moderado, torna-se raiva, ciúmes, inveja, insegurança. Passamos a não ver o sentido em uma vida sem o amor. Tornamo-nos viciados na paixão, na segurança do colo, no olhar ardente que aquieta nossos corações. Vivemos uma constante competição para provar a nós mesmos e a nossa outra metade que somos capazes de seguir em frente, que distância e complicações não existem, mesmo quando essas estão mais presentes do que nunca. Na vida dos conhecedores do amor, vale tudo para não perder a batalha.


Só entendemos a complexidade de um sentimento quando já passamos por aquela sensação de vertigem, pelo poder que um tem sobre nós. Amor, só quem já o sentiu uma vez, sabe o que significa.

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