terça-feira, 24 de julho de 2012

Deserto pulsante - Memórias de um viajante perdido (25/05/2011)


Cansado, ele percebe que nem sempre as suas decisões são tomadas pela razão. O sentimento confuso o consome, sem lhe dar respostas de um futuro promissor. Ele não quer parar de caminhar. Observa o deserto à sua frente, a areia dourada e os ventos só provam mais uma vez que sua jornada é longa, seu caminho indecifrável, e a civilização, antes tão consciente em si mesmo, não mais tão próxima.
- Talvez eu morra de sede,se tiver sorte. – Pensava, enquanto os pés descalços queimavam. Era uma jornada solitária, mas ele não desistiria sem tentar. Sabia que era difícil, e que jamais obteria as respostas que queria. Ele fugiu. Ele se machucou. E a única maneira de acabar com a dor era caminhar.
Lembrou de como tudo aquilo havia começado. Ele poderia simplesmente ter deixado o sentimento de lado, desistir daquela jornada solitária e aceitar o apego de outros. Mas ele não queria. Tudo que desejava eram os carinhos daquelas mãos, o toque daquele corpo... Dividir sua alma com quem um dia a prometera. Ele estava entregue no infinito, onde a razão já não mais o alcançava, e sua consciência gritava para seguir outro rumo, que aquela caminhada poderia não levar a quem ele queria... Ao seu único propósito.
Mas pensar em nunca mais sentir seu coração pulsando, suas emoções clamando por um mesmo nome era pior do que atravessar aquele deserto que torturava seu corpo e sua mente. Ele não funcionava como um todo... Apenas metade de algo que um dia esperava estar completo.
E, sem olhar para os lados, voltou a sua caminhada, com a esperança de encontrar, e dessa vez, estar onde devia estar.

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